Mas ele se indignou, e não queria entrar. (Lucas 15:28)
Agosto é o mês que damos certa
ênfase aos Pais. E ao ler e refletir a respeito dessa parábola onde muito se
compara e se crucifica um dos filhos, percebi que poderíamos retirar algumas
lições importantes sob outra perspectiva. Gostaria que você mudasse a sua
perspectiva a partir de agora quando ler essa parábola que serviu para que
Jesus pudesse abrir os olhos de muitos que o ouviam naquele momento e também
serve até hoje para abrir os olhos de muitos que estão dentro das igrejas hoje.
Nesta data tão especial, muitos
filhos buscam desesperadamente o presente ideal para agradar seus pais e por
conta disso uma grande parte se esquece do melhor presente que qualquer pai,
sem dúvida, gostaria de receber: um BOM
FILHO. E todos os dias as pessoas, e até mesmo as situações nos
questionam, DE
QUEM SOMOS FILHOS. E precisamos estar bem definidos sobre nossa
resposta e decisão.
“...os
teus filhos como plantas de oliveira à roda da tua mesa”. (Salmos 128:3b)
Vamos
começar sobre o contexto daquela situação.
Jesus
andava ensinando e praticando seus ensinos. Por isso, muitos lhe eram atraídos
e sem fazer acepção de pessoas Jesus recebia a todos e por todos declarava o
amor do Pai. Porém, isso incomodava muito os fariseus e escribas que achavam um
ultraje Jesus receber e comer com pecadores e publicanos.
“E
chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E os fariseus e
os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles. (Lucas 15:1-2)
Ou
seja, ao querer dar uma lição aos fariseus e aos escribas, ou seja, os "filhos da casa", que
murmuravam entre si porque Jesus comia com pecadores, ou seja, os ditos "pródigos", Jesus apresenta
três parábolas: a da ovelha perdida, a da dracma perdida e a do Filho Perdido. Porém, gostaria de usar
esse estudo para que possamos refletir se não seria dos “Filhos Perdidos”. E mesmo
que seja do Filho Perdido, qual deles estaria perdido, afinal?
Então,
temos dois grupos de pessoas: os publicanos e pecadores que buscavam Jesus,
queriam Jesus, maravilharam-se com Jesus, ouviam Jesus e estavam perto de
Jesus. Mesmo sendo pecadores e falhos sentiam que precisavam estar com o Mestre
a cada instante. O outro grupo fazia parte da aristocracia religiosa judaica da
época, eram mais religiosos, poderiam ditar mnemonicamente vários estatutos e
ordenanças da lei porque estudavam muito, estavam mais no templo, porém estavam
longe do nazareno e sentiam repulsa por Jesus. Com isso, vemos que Deus, o Pai
de família tinha que lidar com dois grupos, ou dois tipos de filho.
Se
contarmos essa parábola para um grupo de pessoas do Oriente Médio eles vão
achar que os fatos dessa parábola seriam impossíveis de acontecer. Naquela
cultura um jovem nunca se dirigiria ao pai como fez o filho mais moço do Pai de
família. Isso porque o pai é figura central da família naquela cultura e
ninguém desrespeitaria um pai daquela forma e se assim fizesse o pai lhe
corrigiria na hora com palavra e até mesmo com um tapa etc., além de expulsar
aquele filho de casa sem que nada levasse. Pensa que acabou? Não. Esse filho
ainda seria expulso da cidade, aldeia ou povoado que morasse. Não, não acabou!
Esse filho rebelde ainda poderia ser morto após decisão do conselho dos anciãos
daquela cidade.
“Quando
alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedecer à voz de seu pai e à
voz de sua mãe, e, castigando-o eles, lhes não der ouvidos, então seu pai e sua
mãe pegarão nele, e o levarão aos anciãos da sua cidade, e à porta do seu lugar;
E dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá
ouvidos à nossa voz; é um comilão e um beberrão. Então todos os homens da sua
cidade o apedrejarão, até que morra; e tirarás o mal do meio de ti, e todo o
Israel ouvirá e temerá. ”
(Deuteronômio 21:18-21)
E
o motivo é simples: não é possível dar a herança enquanto o pai for vivo.
Assim, aquele filho mais moço, ao pedir a herança, ele está pedindo a morte do
pai. E isso é ultrajante.
Hoje,
podemos exemplificar um pai que tem uma empresa e com dois filhos. Um deles, o
mais velho, trabalha com o pai, já estuda se preparando para tocar os negócios
da empresa, é trabalhador, cega cedo, sai mais tarde, se preocupa com o
mercado, quer expandir os negócios e abrir filiais, é solícito ao pai etc. O
outro filho, o mais moço, só quer balada, churrasco, festas; quando inicia a
faculdade nunca termina e já está no quarto curso diferente; faz o pai acordar
de madrugada para ir à delegacia porque foi pego dirigindo embriagado; bateu o
carro; sai cedo de casa e só volta no outro dia bêbado, drogado etc. Ou seja,
um é o extremo oposto do outro! Num determinado dia, esse filho mais novo chama
o pai, diz que contratou um advogado, se diz emancipado e pede sua parte da
herança ao pai, que vende parte da empresa para fazer dinheiro e dar ao filho
mais novo gastar e curtir a vida.
O
que vamos pensar desse pai? É louco! E tem mais, o filho gasta toda a herança
aos poucos e seu padrão de vida vai caindo sem precedentes até a sarjeta.
Depois disso ele volta para a empresa com a cara mais “lavada do mundo” e diz
ao pai o que fez. Então o pai o recebe de volta e ainda o coloca num cargo de liderança
(Gerente) na empresa. E isso se mostra quando o pai coloca o anel no dedo do
filho mais moço e nos faz lembra de quando José virou governador do Egito, pois
faraó colocara em seu dedo um ANEL.
Se
fôssemos o irmão mais velho desse rapaz certamente ficaríamos indignados.
Mas
temos muito que aprender com essa parábola e vamos perceber que parece que ela
não termina porque termina com o pai na porta tentando convencer o filho mais
velho a entrar.
“Mas
ele se indignou, e não queria entrar. E saindo o pai, instava com ele. ” (Lucas 15.28-29a)
Não
sabemos se o filho mais velho entrou ou não entrou! Ele aceitou se reconciliar
com seu irmão ou continuou na porta?
Voltando
para o contexto, Jesus estava em casa comendo com pecadores e publicanos
enquanto os fariseus e escribas estavam na “porta” inconformados com aquela
situação. E isso se dava porque Jesus começou a dar valor e dignidade a pessoas
que a elite religiosa repudiava e isso fazia de Jesus um “profano”, segundo a
religiosidade. Então, Jesus ouvindo a murmuração dos fariseus e publicanos
propõe a eles as três parábolas da ovelha, da dracma e do filho perdidos.
A
ovelha, no deserto, sabe que está perdida? Sim. Ou seja, ela estava perdida,
sabia que estava perdida e estava perdida fora de casa.
A
dracma (moeda) não sabia que estava perdida, afinal, é só uma moeda. Ou seja,
estava perdida, não sabia que estava perdida e estava perdida dentro de casa.
Na
parábola que estamos estudando o pai tinha dois filhos perdidos, um dentro e
outro fora de casa. Isso mesmo, o filho mais velho, tido como “certinho” e “com
a razão” também estava perdido. Vamos lá.
A
primeira coisa foi sua omissão por não repreender o seu irmão mais novo quando
este chega a seu pai pedindo parte da sua herança tendo-o como morto em sua
vida. Seu silêncio já lhe era comprometedor. Até mesmo porque, seu irmão mais
moço não foi embora naquela hora, mas um tempo depois.
E,
poucos dias depois, o filho
mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua. ” (Lucas 15:13)
Aquele,
pois, que sabe fazer o bem e não o
faz, comete pecado.
(Tiago 4:17)
Além
disso, o filho mais velho TAMBÉM RECEBEU A HERANÇA. Tomou um susto? Isso mesmo.
“E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me
a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. ” (Lucas 15:12)
Viu
a importância do EXAME DAS ESCRITURAS? É um mero “detalhe”, mas que diz muita
coisa. Então, ambos os filhos eram quase iguais, a única diferença era que o
mais moço parecia ser mais sincero com seus sentimentos “politicamente
incorretos” – ao chegar para o pai e lhe pedir a herança; enquanto o outro
filho era HIPÓCRITA. Grave uma coisa na sua vida:
“Deus é menos ofendido
pela sinceridade de um pecador do que pela hipocrisia de um “santo”. ”
Não
estou dizendo que o que o filho mais moço fez seja o correto, mas sua atitude
reverberou o que ele sentia, ele poderia ter algum problema com o pai, não o
queria por perto etc. A tônica aqui que marca o caráter do filho mais moço é a
SINCERIDADE.
O
filho mais velho é que está perdido dentro de casa. E onde está a hipocrisia
dele? Simples. Quando o que está perdido fora retorna exalando mais uma vez sua
sinceridade diante do pai o que está perdido dentro fica na porta, sem entrar,
não aceita e lança inúmeros argumentos e estes refletem igualmente a atitude
dos fariseus e escribas que estavam murmurando porque Jesus recebia e comia com
pecadores.
Quantos
“filhos mais velhos” estão dentro das igrejas indignados porque acreditam que o
Pai está dando “atenção” ou “valor” para outros “filhos mais novos” que, para
os “filhos mais velhos”, não merecem. Dizem-se crentes mais se iram quando veem
o amor perdoador do Pai sendo direcionado a quem mais precisa naquele momento.
Mas a questão é que todos nós somos alvos desse amor todos os dias, mas muitos
se incomodam ao verem as bênçãos sendo distribuídas aos seus irmãos, porém seu
egoísmo é tanto que ficam cegos e não veem todas as benesses que o Pai lhes
proporciona todos os dias.
“Mas
ele – o mais velho - se indignou, e não queria entrar. ” (Lucas 15:28)
Então,
por que podemos dizer que essa parábola não tem fim? Quando Jesus começa a
contar as três parábolas dos “perdidos” ele estava à porta com os fariseus e
escribas que não queriam entrar porque Jesus estava comendo com pecadores e
publicanos e ele termina a terceira parábola com o Pai à porta tentando
convencer seu filho mais velho a entrar porque este não aceitava que o pai
estava recebendo seu irmão “pecador”. Era como se Jesus estivesse falando os
fariseus e escribas assim como o pai ao seu filho mais velho: você vai entrar e se alegrar comigo ou vai ficar aí na porta
reclamando?
Observe
que as coisas mudam de lugar porque antes o filho mais velho, que estava dentro
da casa, não havia se perdido. Agora, o filho mais moço está dentro de casa,
recebido pelo pai e o mais velho está onde? Exatamente, perdido do lado de fora
sem querer entrar.
Não
sei se você se identifica com o filho mais moço ou com o filho mais velho, mas
sei que EU, perdido dentro ou fora, tenho alguém a minha procura. Que eu seja
ovelha, quer eu seja moeda, existe um pai que quer me salvar e que me procura
todos os dias. E se uma vez você foi salvo não seja egoísta e dê passagem para
que a graça de Deus alcance outros também. Não fica do lado de fora, à porta,
reclamando porque Deus salvou o outro ou o colocou numa posição que você
julgava sua, ou à frente de um trabalho que você se julgava mais apto... Deixa
Deus fazer pelo outro o que ele vez por você!
“O nosso trabalho na
Salvação é não atrapalhar o papel de Deus. ”
Deixemos
Deus nos achar onde quer que estivermos: no deserto, dentro da casa ou fora
dela. E, uma vez que Deus nos achou, deixe-O achar o seu irmão também. Você e eu somos FILHOS
AMADOS DE DEUS e ele não desistirá de nós, quer estejamos
dentro, quer estejamos fora.
Talvez
uma das maiores dificuldades para todos nós é saber que Deus está querendo nos
salvar com o mesmo empenho aquela pessoa que eu menos gosto. Mas essa pessoa
que tanto me prejudicou e que eu menos gosto é tão alvo do amor de Deus quanto
eu e o Espírito Santo quer levá-la para o mesmo céu para onde eu vou.
O
filho mais moço saiu errou, sofreu, aprendeu com a lição, mas se arrependeu e
voltou. E esse é o comportamento do fiel porque quando erra, reconhece, admite,
se arrepende, pede perdão e recomeça.
A
palavra “pródigo”
significa “que
dissipa seus bens, que gasta mais do que o necessário; gastador, esbanjador...”
e eu concordo que isso se aplica ao filho mais moço. Afinal, ele desperdiçou
tudo e ficou sem nada. Porém, o amor do Pai continua até hoje. Agora olhemos
para o filho mais velho... Ele também perdeu tudo. Perdeu o amor ao seu irmão, perdeu
a paciência, a compreensão, perdeu o poder de perdoar e de amar.
Então,
reflita: qual
é o filho pródigo, afinal? O que se arrepende ou o que guarda ressentimento?
O que se humilha ou o que se vangloria? O que peca e perde perdão ou o que acha
que sempre está certo?
Por
fim, a parábola não é sobre o filho pródigo, ou perdido, mas do Pai Amoroso que
tinha dois filhos perdidos. E esse mesmo pai que nos ama e que nos levar de
volta para o lar.
Faça
de Deus, o seu Pai celestial, o mais feliz de todos em todos os momentos.
Destile amor a todos que o rodeiam, aos que estão longe no deserto, aos que
estão perdidos em casa e aos que estavam lá fora, perdidos e mortos, mas que
retornaram para os braços do Pai de Amor e foram revividos pela infinda graça
de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.
Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão. (I João 4:20-21)
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